por Marco Nascimento
Foram nove meses preso em uma barriga que a cada mês só crescia. No dia do meu nascimento achei que também seria o dia de minha liberdade, mas engano meu. Fiquei mais vários meses preso dentro de um berço, onde eu dormia ou era deixado com meia dúzia de brinquedos que tinha a função de me destrair, ou em um carrinho, que ficava no canto da sala, enquanto os adultos conversavam. Quando não era preso no colo de alguém.
Como não sabia falar, nem andar, não tinha como eu sair correndo ou dizer que estava odiando tudo aquilo, mas com o passar do tempo, aprendi a andar e a falar, e mais uma vez fui enganado pela minha doce ilusão.
A liberdade não veio mais uma vez, e eu não podia ir aonde eu queria, pois tudo era perigoso. Subir no sofá era correr o risco de cair de cabeça. Sair na rua o carro podia pegar. Abrir a geladeira podia dar resfriado. Tudo controlado. Tudo a maneira dos outros.
Conforme os anos foram passando, a liberdade que eu tanto desejava estava cada vez mais perto do que eu imaginava. Tudo bem que ela não é completa como eu sonhava, mas hoje já posso andar com minhas próprias pernas e falar com minha própria boca.
As decisões já são minhas... agora eu cresci, e eu que decido por mim.
Deixe-me livre. Faça-me ser livre. Seja livre também. Não tente tirar de mim a liberdade que tanto desejei. Este é o meu maior tesouro, do qual não sei mais viver sem.
Abraços!
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