por Fabi Prado
Hoje ao sentar pra escrever, subitamente me veio à cabeça uma imagem que ficou muito famosa, na época, na cidade e região aqui de Bauru. Tem, acho que dois ou três meses, e foi capa de um dos jornais daqui da cidade. Uma cachorra de nome Chiquita deu o que falar ao entrar, juntamente com o seu dono, que era suspeito de um crime, dentro da viatura da Polícia Civil. Ele era levado pelos policiais e ela entrou na viatura junto dele e não queria descer, queria ir com ele, seja lá pra onde ele fosse. Ela foi fiel a ele até o último momento e nem se assustou com as figuras policiais vestidas de preto e com revólver em punho, e teve que ser enganada para descer da viatura e assim deixar que levassem o seu dono sem a sua canina proteção.
Quer exemplo maior de amor, fidelidade e doação que esse???
E é sobre isso que vou falar hoje: amor, fidelidade e doação.
E ninguém melhor pra exemplificar isso do que eles: os cães.
Já começo dizendo que quem nunca teve um cão não conhece o amor, tampouco a fidelidade e o prazer da doação.
Nos dias atuais onde mães abandonam filhos recém-nascidos em caçambas ou em banheiros públicos, pais tentam estuprar filhas legítimas e irmãos roubam irmãos, só nos resta acreditar no amor que caminha sobre quatro patas.
Plagiando John Grogan, um cão não se importa, seja você bonito ou feio, inteligente ou burro, esperto ou idiota... dê o seu coração a ele, e ele dará o coração dele a você. Simples assim.
Diferente do ser humano um cão não é interesseiro, não é egoísta, não se apega em aparências, não se importa apenas com o trivial, pelo contrário, ele é capaz de morrer por amor ou pelo simples fato de proteger aquele que ama. Isso sim é que é amor, isso é que é exemplo vivo de fidelidade, de doação. Em tempos de escassez de riquezas de espírito, só mesmo os cães pra nos darem lições de entrega total, desprovida, sem nenhum tipo de apego material. Não raro vemos mendigos perambulando pela cidade acompanhados de seus fiéis cães que não estão nem ai pra condição errante em que vivem. Muitas vezes passando frio e fome. O que importa é o companheirismo. “Na alegria ou na tristeza eu estarei com o meu dono, até que a morte nos separe...”
Reparem como eles rolam pelo chão, como tomam água derrubando pelos cantos da boca, como correm sem medo de tropeçar, como latem sem pensar se estão ou não incomodando, como idolatram seus donos sem medo de parecerem piegas, como vivem intensamente, como se entregam e como sempre fazem isso feliz da vida. Os cães são felizes pelo simples fato de serem cães.
O dono é mau caráter, mas o seu cão o ama mesmo assim. O dono o trata com desprezo quando está com problemas, mas o seu cão o ama sem se importar com isso. O dono é gordo, é magro, é baixinho, é enorme, é engraçado, é chato, é alcoólatra, é chocólatra, é careca, é rico, é pobre, fala alto, pra eles pouco importa. O que importa é o que sentem e ponto final.
Se existe o Paraíso, os cães o alcançarão porque só um cão é capaz de amar, de se doar, de ser fiel e aceitar um ser humano exatamente como ele é. Eles não fazem distinções. Nem as mães têm esse dom, ou vai me dizer que a sua mãe nunca quis mudar algo em você??? Um cão jamais tenta mudar algo em nós humanos. Ele simplesmente nos aceita como somos e nos ama incondicionalmente mesmo assim.
Voltando a plagiar o autor de “Marley e Eu”, termino o meu texto de hoje com uma pergunta já bastante conhecida:
“Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário???”
Amigos, findo-me por aqui. Aquele abraço e até semana que vem, se Deus quiser.
OBS.: Dedico o texto de hoje a minha vira-lata de 16 anos que morreu na última segunda-feira. Ela fazia eu me sentir extraordinária e isso me fará uma falta danada.