17 de jun. de 2011

Vó Tereza...

por Mariana Perez


Era sempre assim que nós a chamávamos...

Eu deveria ter uns 7 ou 8 anos, ainda morávamos em São Paulo, e sempre quando estávamos chegando lá estava ela, sentadinha no muro onde ficava o relógio da água, com sua blusa azul de frio e algum dos seus vestidos floridos.

Sempre ficava pensando desde que horas ela ficava ali nos esperando... porque era incrível como sabia exatamente o horário que estávamos pra chegar...

E lá vinha, com aquele sorriso aberto ao nosso encontro, sempre chamando meu pai de “cachorrada” pela nossa demora da última visita... Mesmo que fizesse uma semana que tínhamos nos visto, ela nunca se conformou com a nossa “demora” para voltar...

A mesa logo já estaria posta, e coitado daquele que não experimentasse uma daquelas coxinhas de frango que ela comprava, ou se não tomasse um copo de guaraná Antarctica que era o seu preferido... Seria assunto para o resto do dia...

Sempre iríamos comprar sorvete, que ela dizia que não poderia tomar porque era perigoso ficar gripada, mas logo acabava se rendendo (sem nem precisar de insistência) a uma deliciosa bola de morango com cobertura de chocolate.

E depois vinha a hora do jantar, canja de frango, que era servido no máximo às 18h30min...

E se eu ficasse com fome? Bom, aí iria à praça da Igreja com o meu pai ou a Flavia pra comprar um lanche, porque eu não tinha sono... Mas já a vó Tereza... Iiiiii, ela dormia cedo, cedo!

No domingo de manhã impreterivelmente íamos a feira comprar pastel, como era de se imaginar ela dizia que não precisava trazer, porque tinha muita gordura, e não poderia abusar do colesterol.

Que nada! Eu e meu pai levávamos um de carne que como o sorvete, ela devorava em instantes... sentada na janela da copa, e o sol da manhã batendo nos seus cabelos cor de neve...

Viveu até seus 93 anos! Em outubro faria 98 se ainda estivesse aqui...

Ela partiu... mesmo porque a Terra não é lugar de anjos!


Um final de semana iluminado ♥

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