13 de abr. de 2011

O melhor e o pior de nós mesmos!

por Fabi Prado


Começo como colaboradora do blog falando de um assunto que eu particularmente gosto muito: Cinema.

Assisti no último sábado pela primeira vez o filme Crash – No limite. Filme lançado em 2006, do diretor Paul Haggis, diretor também do excelente 72 horas. E claro, recheado de grandes nomes como Sandra Bullock, Brendam Fraser, Don Cheadle, Terrence Howard, Matt Dillon, entre outros.

Um filme realista ao extremo e muito inteligente, não a toa ganhador do Oscar de Melhor Filme no mesmo ano de lançamento e de mais algumas estatuetas.

O filme mostra várias histórias que acabam se entrelaçando, formando uma teia que se mostra tremendamente intrigante. É o típico filme que te faz “grudar” na poltrona.

O básico do filme é falar sobre o racismo imposto pelo povo norte-americano às minorias e mostrar abertamente várias atitudes boas e más, vindas sempre de uma mesma pessoa e estando estas sempre ligadas.

O que fica bem claro durante boa parte do filme é aquilo que vemos em nosso dia a dia. Que tudo tem dois lados, que até o que é ruim pode gerar algo bom. E o filme nos faz engolir isso com um *pragmatismo de impressionar.

Nem sempre o que fazemos considerando ser o melhor para nós, é o melhor para outras pessoas. E nem sempre o que fazemos que possa ser ruim, é algo tão ruim assim. E todos os personagens fazem o bem e em seguida fazem o mal (mesmo que sem saber ou sabendo).

É um belo retrato da vida real eu diria.

Mostra claramente que ninguém é perfeito, que ninguém pode agradar a todos o tempo todo, que ninguém está acima do acerto e do erro, e que nem sempre o que fazemos tem o reflexo que gostaríamos que tivesse ou ultrapassa tudo o que estimamos.

Eletrizante !!!

A cena mais extasiante de todo o filme é a última cena de Sandra Bullock com a sua empregada, pessoa essa que ela, a patroa, trata mal durante todo o filme. A patroa a discrimina por ela ser estrangeira, mexicana se não me engano. Eis que a patroa rola de uma escada e quem a socorre é a empregada discriminada, a única pessoa que está disponível naquele momento já que o marido está trabalhando e a mulher que ela chama de melhor amiga não pode ajudá-la por também estar ocupada. Aliás, a única pessoa que SEMPRE está disponível é a empregada. Determinado momento da cena ela solicita que a empregada a ajude a sentar na cama. A tal o faz com todo o carinho e cuidado do mundo. Eis que ganha um abraço da patroa, um abraço forte, fraterno, carinhoso, carregado de emoção e ouve da mesma: “Quer ouvir algo que vai te fazer rir??? Você é minha melhor amiga...”

Naquele momento pra mim ficou claro que ela percebera finalmente que a empregada fazia tudo o que podia de melhor, que a empregada era a mais perfeita possível dentro dos seus limites e que isso se dava independentemente dela ser mexicana. Ela poderia ser da nacionalidade que fosse e assim ela seria. Naquele momento enfim ela percebeu que todo o racismo que ela tinha daquela pessoa não tinha fundamento algum. E isso se repete o filme todo, dando lição após lição sobre o quanto estamos errados ao julgarmos sem certezas, ao julgarmos sem conhecimento, ao julgarmos sem convicção.

Enfim, o filme inteiro mostra isso. Pessoas sendo discriminadas e em seguida discriminando alguém, pessoas tentando dar o seu melhor e por outro lado renegando alguma outra coisa que faz com que essas mesmas pessoas pareçam pessoas más, mesquinhas, horrorosas em determinado momento, quando na verdade todas têm o seu lado bom, humano, fraterno...

Ou seja, todo mundo tem uma porção boa e uma porção ruim. Até as pessoas que julgamos mais perfeitas tem seus defeitos e até aquelas que julgamos mais cheias de defeitos tem as suas qualidades. Todas as histórias do filme mostram isso e acabam em um dado momento se cruzando. Hora a pessoa tinha uma atitude desonesta, sacana, racista. Hora essa mesma pessoa tinha uma atitude plena, limpa, fraterna, afável. Hora essa pessoa sofria a discriminação. O filme mostra os mais variados lados das pessoas num tom quase de ironia, nos fazendo perceber o quanto somos bons e o quanto podemos ser ruins.

E é assim que somos: *Dúbios. Ninguém é todo do bem e ninguém é todo do mal. Tudo é questão de ponto de vista e interpretação. E uma atitude aqui, se entrelaça a uma atitude ali e vai gerar outra atitude acolá e as faces vão aparecendo, as boas e as não tão boas e quase sem querer...

Até aqueles que seguem por caminhos tortuosos tem as suas qualidades invejáveis, ainda que usem essas qualidades apenas para fazer o mal, mas as tem.

Um filme de dar água na boca, de encher os olhos, de dar uma lição “daquelas” no telespectador... Um filme que a gente tem que ter em casa para assisti-lo a cada vez que a nossa auto-estima descer ao dedão do pé, para apreciá-lo a cada vez que a gente achar que fez mal pra alguém e pra poder revê-lo sempre que sentirmos falta de visualizar o quanto somos imperfeitos e o quanto essas imperfeições nos fazem felizes em alguns momentos.

Amigos, findo-me por aqui. Aquele abraço e até semana que vem, se Deus quiser.


*Pragmatismo - Prática de conceitos e conhecimentos, consideração das coisas de um ponto de vista prático e direto.
*Dúbios - Ambíguos, de diferentes interpretações, vagos, que não se podem definir.

Um comentário:

  1. Fabi...
    que delícia de se ler!!! Afinal, é minha criadora preferida de "e-mails bomba"...rsss

    Seja bem vinda!
    Mil bjs ♥

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