por Fabi Prado
Em homenagem ao dia dos professores que foi comemorado timidamente no último dia 15, vou transpor aqui um texto que uma professora de português da 5ª série passou para nós acentuarmos e também, é claro, um texto que serviu como aprendizado para todos aqueles jovens adolescentes, recém-saídos da infância.
Lembro-me como se fosse hoje, a lição que tirei do texto. O que ele dizia era mais ou menos assim:
“Sr. Antonio morava em um bairro da Zona Sul de São Paulo. Em seu quarteirão, como não poderia deixar de ser, todos os vizinhos eram, assim como o Sr. Antonio, bastante “endinheirados”.
Eis que certa vez, num mês de janeiro qualquer, com todos do quarteirão viajando, ocorreu um “arrastão” (naquela época ainda não se usava esse nome pra roubos em massa) em quase todas as casas do quarteirão, certamente algo premeditado por uma esperta e ardilosa quadrilha.
Mas algo chamou a atenção da polícia e da vizinhança. A única casa que não havia sido assaltada era a do Sr. Antonio. O mais intrigante é que Sr. Antonio era tão ou mais rico que todos os demais vizinhos que tiveram suas casas dilaceradas pelos ladrões e a casa dele lá, intacta.
Sr. Antonio ficou muito ressabiado, tinha a certeza de que a mesma quadrilha voltaria e assaltaria somente a sua casa, a única casa que restou, mas ao mesmo tempo ficou indignado: Como poderia apenas ele ter sido poupado da crueldade voraz dos meliantes?
A imprensa, como não poderia deixar de ser, sensacionalista desde sempre, ao saber de tal curiosidade, foi atrás do Sr. Antonio para saber o que o fez diferente a ponto de não ter a casa devastada. Sr. Antonio em sua ingenuidade quase infantil repetiu para os tanto repórteres que ali estavam a cercá-lo: “Olha, eu também não sei por que a minha casa foi à única do quarteirão a não ser roubada e assim como vocês, eu gostaria de saber. Se alguém souber dizer-me as razões disso, por favor, diga”.
Passados alguns dias, Sr. Antonio, como fazia em todas as manhãs, foi até a sua caixa de correspondência verificar se tinha algum boleto, carta ou panfleto e lá estava um bilhete escrito em verdadeiros garranchos num papel de pão sujo e meio amassado:
‘Sr. Antonio, esse bilhete é pra dizer pro senhor porque não roubaram a sua casa e o motivo é bem simples. Aqui desse quarteirão Sr. Antonio, o senhor e a sua família são os únicos que nunca negaram a mim e aos meus filhos um prato de comida, um copo de água, um agasalho, um mantimento, uma palavra ou um pouco de atenção. O senhor e sua família sempre sorriem para mim e para meus filhos e cumprimentam a mim e a minha família com educação. Até quando pedi ao senhor que me desse uns trocados pra tomar a minha cachacinha rotineira o senhor nunca negou, apesar de me dar os trocados resmungando porque eu estava indo ‘encher a cara e isso não é bom’. O senhor, Sr. Antonio, e a sua família sempre me trataram com respeito e dignidade. O senhor, Sr. Antonio, é generoso e por conta da sua generosidade, toda a sua família aprendeu a ser generosa e pela sua generosidade, eu seria incapaz de permitir que alguém fizesse mal ao senhor ou a algum deles. Quem roubou o quarteirão é conhecido meu e eu lhe implorei pra poupar a sua residência porque o senhor é um homem bom que não merecia isso. Não quero nada em troca Sr. Antonio, apenas continue sendo generoso. Isso já basta. Assinado: Mário’.
E por isso Sr. Antonio ficou feliz, afinal pelo menos alguém além de seus filhos e esposa havia aprendido a ser generoso diante da sua generosidade”.
O real motivo da casa do Sr. Antonio ter sido poupada, de fato, ninguém nunca teve certeza.
A única e essencial certeza é que a bondade do Sr. Antonio com aquele “pedinte”, freguês de longa data, não apenas salvou a sua casa de ser assaltada como também mostrava lhe com clareza que a sua generosidade havia sido ensinada a alguém.
Generosidade: Passe adiante!
Amigos, findo-me por aqui. Aquele abraço e até a semana que vem, se Deus quiser.
Ih, Falei!
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