10 de set. de 2010

Meu primeiro Amor!


Tinha apenas 11 anos quando pude conhecer pela primeira vez o que era o Amor. Apesar de ser uma criança, ou pré-adolescente, como muitos preferem, este sentimento chegou de forma arrebatadora, trazendo uma mistura de sentimentos que jamais imaginaria sentir com aquela idade.

Ela, que morava em outra cidade, vinha para Bauru somente nos finais de semana. Seus pais tinham bastante contato com uma de minhas vizinhas, a qual visitavam todos os sábados, retornando muitas vezes no domingo. Em um destes finais de semana a vi pela primeira vez. Aqueles cabelos longos voando com o vento, aquela pele morena e aquele lindo sorriso, logo me chamaram atenção. Meu coração no mesmo instante já deu sinal de que algo estaria acontecendo. Estava tendo ali, o primeiro sinal de uma grande paixão.

Logo dei um jeito de ter contato com aquela linda garota. Aproveitei que uma amiga estava conversando com eles e me aproximei, sem saber o que dizer, cumprimentei a todos, inclusive ela, e fui convidado a participar daquela roda de bate papo entre amigos. Não hesitei. Aceitei o convite. Começara ali uma amizade entre ela e eu.

Depois de dias, ou melhor, finais de semanas, apenas conversando como bons amigos, eis que chega então o grande dia. O dia do primeiro beijo.

Naquela sexta-feira atípica, onde não tínhamos aula e ela veio passar o dia aqui em Bauru, passamos a tarde toda com um grupo de amigos. Aproveitamos aquele dia de folga para viver uma tarde como crianças. Brincamos de “rio vermelho”, “pega-pega”, “paredão 123” e finalmente de “esconde-esconde”. Foi ai que finalmente, como cena de novela o beijo aconteceu.

Durante as brincadeiras sempre procurava uma forma dizer o quanto gostava dela. Confesso até que usava deste gostar para favorecê-la em alguns momentos. Meus amigos percebendo que gostávamos um do outro, mas que a timidez de ambos impedia qualquer atitude, logo traçaram um plano, do qual eu também dei palpites, para que “ocasionalmente” ficássemos sozinhos e quem sabe o beijo acontecesse. E assim foi.

Depois do plano traçado e estudado, convencemos aos demais de mudar a brincadeira. Agora seria a vez de brincar de “esconde-esconde”, para que assim pudéssemos ter a desculpa de nos afastarmos de todos. Passado três rodadas, enfim chegou a hora de executar o combinado. Não o fizemos antes para não dar muito na cara, já que queríamos algo nosso, um momento especial. Sem muita plateia.

Enquanto estávamos “escondidos”, disse mais uma vez o quanto gostava dela, abraçando-a logo em seguida. No minuto seguinte veio o tão aguardado beijo.

Neste momento o mundo parou e não queria mais que este instante acabasse. Depois disso não queríamos mais brincar, “perdemos a vontade”, e passamos o resto da tarde juntos. Nos beijando, conversando, pensando no futuro... e assim foi por vários finais de semana no decorrer de anos. Só não assumimos um namoro sério, pois seus pais não aceitavam nossa relação, devido a nossa pouca idade.

Com o passar do tempo nosso amor foi se tornando cada vez maior, porém aquela restrição de não poder namorar ainda existia, já que segundo várias pessoas nós ainda “éramos crianças” e nosso “amor” seria coisa passageira. Mas não. Não foi.

O amor que sentíamos um pelo outro era algo que todos ficavam surpresos, que todos admiravam, mas que não aceitavam devido nossa idade. Em uma das vezes esta situação ficou clara ao me questionarem qual era o real sentimento que eu tinha por ela, e ao falar o que sentia, todos ficaram boquiabertos, e logo a mãe dela se expressou:

- É, mas vão ter que esperar mais uns três anos se quiserem namorar. Vocês ainda são muito novos.

Estas palavras vieram como um balde de água fria, mas no minuto seguinte já não me importava com o que tinha escutado, pois sem pensar e controlar minha boca, uma resposta saiu automaticamente:

- Eu espero o tempo que for preciso.

Desta vez o balde de água fria havia caído na cabeça dos demais presentes e a minha frase teve que ser repetida por mim diversas vezes, até chegar ao pai dela e dizer a mesma coisa, pois acreditavam que não teria coragem de fazer isso. Mas fiz.

Mesmo após assumir e reassumir o que sentia, a regra do “vocês ainda são crianças e por isso não podem namorar” ainda era válida, mas mesmo assim começamos a nos ver com mais frequência, muitas vezes as escondidas.

Com o passar do tempo fomos crescendo e involuntariamente nos separando. Ela se mudou para mais longe e perdemos o contato. Parecia que aquele amor todo havia se acabado, mas estava enganado, ele estava apenas “dormindo”.

Certo dia acordei com uma imensa saudade, não só meus olhos, mas parecia que meu coração também derramava lágrimas. Uma dor no peito fazia com que todos os momentos que vivi ao lado da pessoa que mais amei voltasse ao meu pensamento. Que revivesse o passado. Queria ao menos vê-la, saber se estava bem, o que acontecera de sua vida nestes anos que passamos longe um do outro.

Ao final da tarde fui ao supermercado e ao virar em um dos corredores eis que tenho uma grande surpresa, vejo em minha frente a pessoa que tanto amei e que não tinha contato a muito tempo. Tudo a minha volta se desfez e a única coisa que conseguia enxergar era sua imagem.

Foi um momento maravilhoso, pude rever a pessoa na qual pensei durante todo o dia. Pude ter ao menos uma notícia dela, ao menos saber como ela estava. Após um longo abraço, conversamos um pouco, e a partir daquele momento tive a certeza que o sentimento vivenciado há tempos atrás havia ficado no passado, já que tínhamos caminhado por caminhos diferentes, e tínhamos diferentes planos para o futuro.

Foi ali, naquele fim de tarde que descobri que nem todas as histórias de amor têm um final feliz. Ela havia encontrado um novo amor. E eu, com o coração feliz por tê-la reencontrado, porém triste pelo nosso final, tive que compreender que nossa novela chegara ao fim.

Há quem diga que amamos uma única vez, uma única pessoa. Se for verdade, eu já o fiz.

Fim!

2 comentários:

  1. Como eu sempre digo, reafirmo e acredito...ás vezes só precisamos saber se está bem, pra que o nosso coração volte a se acalmar...
    Belíssimo texto, filho!!!

    Mil bjs da sua eterna fã
    Mari ♥

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  2. Ai que texto lindo. Estou com lágrimas nos olhos...Se queres um conselho, não guarde a dor e sim as doces lembranças deste primeiro amor...

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