por Fabi Prado
Nascido em Maranguape no Ceará. Maranguape que era muito satirizada pelos seus “alunos” na Escolinha do Professor Raimundo, programa que me remete a uma nostalgia tão grande...
O humor hoje fede a falta de criatividade e decência. Na época da Escolinha do Professor Raimundo, na época em que assistíamos Coalhada (Mas hein?!?), Nazareno, Alberto Roberto, Azambuja e tantos outros, o humor era limpo. Aquilo sim era humor de verdade a meu ver. Hoje em dia somos obrigados a engolir programas vagabundos onde só se mostram mulheres seminuas, humoristas que fazem piada com a desgraça alheia ou fazendo algum “idiota” cair numa pegadinha de mau gosto, humoristas inúteis que, pra ganhar alguma miserável projeção, exageram absurdamente em suas colocações e acabam até sendo processados e um humor onde é usado o que há de pior pra fazer a gente rir, ou pra tentar fazer a gente rir.
Chico não precisava disso. Eu, que não sou tão velha assim, me recordo com muita saudade das falas do lendário Bento Carneiro: “Minha vingança sará maligrína.” (sic), da excepcional interpretação dele ao dar vida ao personagem Jovem: “Pô mãe, eu sou jovem...”, mas o meu preferido é, sem dúvida, Justo Veríssimo. Desde aquela época e até hoje o mais atual e verídico de todos os seus personagens. Um político corrupto e sem vergonha (Quantos deles não possuem os predicados citados?) que tem horror a pobre e demonstrava isso de uma maneira extremamente cômica e real. Pensem: isso pra época era uma afronta. E olha que nem tinha tanta corrupção assim (ou era maquiada) e ele criou um personagem que retrata o político de ontem, de hoje e possivelmente o de sempre.
Isso mostra que além de criativo, Chico era inteligente, culto, sábio, estava a frente do seu tempo. Era um pensador nato, um estudioso da sociedade, um desbravador.
De fato ao ler a notícia de sua morte, confesso que meu coração apertou. Apertou porque não há outro Chico Anysio. Chico Anysio é como Pelé, é como Einstein, é como Henry Ford, é como Freud, é como Santos Dumont, Aristóteles, é como Sílvio Santos. Um ícone. Sublime, de uma capacidade profissional acima da média, um cara realmente fora dos padrões de normalidade, de um talento incomparável e de um brilhantismo que é inimaginável.
Não há e não haverá outro. Ele era único.
E isso é o que mais me machuca... Saber que não haverá outro igual e que a criatividade dele se calou ás 14 horas e 52 minutos do dia 23 de março de 2012.
Orgulhar-me-ei em poder dizer para meus filhos que eu conheci o humor limpo e sóbrio do Chico, sua veia cômica fenomenal e sua ampla e vasta criatividade. Contarei para meus filhos quem foi ele, o quanto me fez rir e o quanto contribuiu para o humorismo brasileiro. E infelizmente terei também que contar a eles que igual a Chico Anysio, nunca mais meus olhos verão. Que pena...
Valeu grande Chico. Missão cumprida. Obrigada.
Amigos, findo-me por aqui. Aquele abraço e até a semana que vem, se Deus quiser.
Ih, Falei!